domingo, 27 de outubro de 2013

SUPERFICIALIDADE E DESTEMPERO - O FILME DA AUDIÊNCIA

Duas situações marcaram a audiência pública sobre o novo corredor de ônibus: 1 - a superficialidade de conteúdo da audiência e 2 – o destempero dos dois vereadores presentes.

Era muito previsível que haveria um embate entre posições diferentes.  De um lado aqueles que são contra a construção do novo terminal no quarteirão indicado pela SPTrans.  E de outro os que consideram que o benefício gerado pelo corredor supera em muito o prejuízo aos proprietários e comerciantes do quarteirão. O embate aconteceu e virou bate-boca.  Faltou pouco para virar pancadaria, não fosse a presença de dois policiais PMS.

Vereador Adilson Amadeu inflamado.

Brittadeira na audiência:  chamada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente com regras e rigores de uma audiência pública oficial, ela não disse a que veio, pois não entrou em nenhum detalhe importante.  O trecho Norte da obra (da Praça da Bandeira até Santana) foi tratado no mesmo nível que os outros trechos da obra, até o Rio Bonito, próximo a Interlagos.  Não detalhou nenhum impacto ambiental mais relevante, a citar dois: obra de altíssima complexidade (túneis sob a praça Campo de Bagatelle e junto à rua João Teodoro, e viaduto sobre a av. do Estado), não foi falado como ficará o trânsito durante mais de dois anos de obra.  E como serão manejadas as enormes árvores no canteiro central de toda a av. Santos Dumont, de beleza paisagística e conforto térmico valiosíssimos.  E mais: Roberto Moura, diretor da SPTrans, afirmou mais de uma vez que ainda se estuda o local para implantação do terminal Santana.  Bem, se ainda não está definido o local da estação, como pode essa audiência validar o licenciamento ambiental da obra?

Brittadeira nos vereadores: bastou um cidadão defender com ênfase o corredor, afirmando a prioridade do transporte público e da mobilidade, para que o vereador Adilson Amadeu levantasse da cadeira onde estivera tranqüilo por quase uma hora, exigindo a palavra e atropelando a ordem determinada pela mesa:  primeiro falariam os cidadãos, depois as entidades, e por último as autoridades.  Sendo mantida essa sequência pelos organizadores, Adilson Amadeu e Nelo Rodolfo ficaram inconformados, se dirigindo com virulência à mesa...  e a coisa desandou. Cada vereador teria a sua vez e os seus cinco minutos para falar.  Por quererem atropelar a ordem, deram início à confusão. Com a balbúrdia que tomou conta do espaço (por sinal inadequado para a importância dessa audiência, com som precário, má acústica e telão pequeno e distante) a audiência não conseguiu ser retomada a contento.


Santana e o comércio de Santana vão sobreviver, onde quer que seja erguido o novo terminal.  Claro que os custos serão cobrados pelos prejudicados, e deverão ser pagos pelos responsáveis.  Mas não vai ser com audiências desse nível que se chegará a um necessário denominador comum. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

LITERALMENTE, A ARÁBIA DO SÉCULO 21

A tecnologia nos abre tantas portas, que chegamos a pensar que poderia nos abrir os portões de um mundo novo, livre dos atrasos e dos mecanismos poluentes.   Assim como a Arábia foi o grande fornecedor mundial do combustível antigo, do petróleo que moveu o mundo, mas deixou o rastro de um planeta poluído, o Brasil poderia ser a “Arábia” do século 21, fornecendo ao mundo energia limpa, como o etanol (ok, o etanol também tem problemas, com as monoculturas agrícolas, mas nada é perfeito), e também a energia solar e a eólea, mas...  descobriram o pré-sal,  e tudo o que era novo se recolheu, afinal é um super-tesouro, um baú de pirata cheio de um trilhão de reais ao longo de 30 anos!

Acaba de rolar o primeiro leilão de áreas para exploração do pré-sal, o que significa fazer furos em alto-mar de 7 km de profundidade, atravessando misteriosas faixas de sal de 2 km de espessura, para tirar lá do fundo da terra o ouro negro adormecido a milhões de anos...  se tudo der certo...  a aventura é arriscada (veja aqui)...  mas no entusiasmo da festa ninguém fala nisso...

Plataforma marítima de exploração de petróleo (fonte: www.paraiba.com.br)

Que pena que até a Marina Silva diga que o petróleo é um mal necessário...  Ela que é ‘sonhática’, e poderia pensar o Brasil como uma Arábia Saudita das novas energias, agora que se aproxima do poder abaixa o tom, enquadra o discurso, e vai admitir a Arábia literal:  mais petróleo, mais combustíveis fósseis, mais CO2 pelo mundo. 

BIOGRAFIAS – TANATOGRAFIAS

Biografia.  Do grego “bio” – vida, escrever sobre a vida.   Mas se não puderem mais escrever biografia livres, independentes (chamadas também de “não autorizadas”),  então será a morte das biografias.  Passarão a ser tanatografias, do grego “thánatos” – morte. 

Só uma pessoa merecedora desperta em alguém a vontade de escrever uma biografia sobre ela.  E esse mérito ela adquiriu na convivência com a sociedade, trocando, interagindo com o público. Por ter influenciado esse público através de suas palavras, gestos ou artes, essa pessoa ficou grande e famosa, e despertou a curiosidade do público em saber mais sobre ela, para se inspirar, para ter como exemplo, ou apenas para admirar os detalhes de sua trajetória.

Por isso é injusto que se restrinja o direito de escritores e pesquisadores pesquisar e escrever sobre essas pessoas públicas, ocultando de seus admiradores o saber das etapas de suas vidas, mesmo seus tropeços, que só valorizarão a sua vitória.  

Os biógrafos, se escreverem besteiras, serão punidos pela Justiça ou pelo esquecimento. Isso basta para afastar 95% dos aproveitadores ou mal-intencionados.
Djavan no começo de carreira, década de 1970 (fonte: euamompb.blogspot.com)

Exemplo: eu sempre quis escrever a biografia do compositor e cantor alagoano Djavan.  Mas saber que esse músico genial e letrista incomum faz parte do grupo “Procure Saber”, que restringe a atuação dos biógrafos, me decepciona e esfria.  Uma pena!  Eu (e outros) poderia – à custa de muito tempo e trabalho – escrever umas páginas bem legais sobre ele...  

AS HORAS ÁVARAS DO HORÁRIO DE VERÃO

Com tanta informação na cabeça, as pessoas perderam a noção de ordem de grandeza do dinheiro.  Pode parecer muito a anunciada economia de R$ 160 milhões obtida em 2012 com o horário de Verão no país.  Mas se eu digo que valor é quase o mesmo pago ao time do São Paulo na venda do jogador Lucas para o Paris Saint Germain, dá pra ver que  não é tanto dinheiro assim...

As horas loucas do horário de Verão

Assim só uma postura avarenta,  para não dizer desumana, pode propor uma ação dessa magnitude, a alteração do relógio biológico  de milhões de pessoas sérias e trabalhadoras, que já têm tantas dificuldade na vida, e agora mais essa:  ter que acordar cedo ainda no escuro, e no fim da tarde seguir trabalhando, porque a noite – que é quando param as atividades profissionais – não vêm.

Quem é jovem, com saúde 120% (nem todos os jovens, diga-se), não se incomoda, e se está ocioso, pode aproveitar essa hora clara se divertindo, talvez no barzinho.


Mas a sociedade é composta de outras faixas etárias e outras disposições físicas.  E todas elas precisam trabalhar para sustentar a vida.  Essas pessoas estão trabalhando mais, e descansando menos, devido a uma decisão burocrática avarenta, que pensa em números antes de pensar de saúde. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PONTE DAS BANDEIRAS VELHA DE GUERRA!

Inaugurada em 25 de Janeiro de 1942, a Ponte das Bandeiras viu todo o desenvolvimento da Zona Norte passar por ela nos últimos 71 anos. Agora vai presenciar de perto mais uma etapa desse progresso. Mas... será que ela aguenta?

Inauguração da Ponte das Bandeiras (1942). Ao Norte só os tanques de areia...

Os novos BRTs propostos pela prefeitura, no corredor Norte-Sul, vão passar pela ponte a cada cinco minutos. Serão ônibus de grande capacidade. Digamos que cada ônibus carregue, nos horários de pico, 150 passageiros. Pesando em média 70 kg cada, só de passageiros serão 10.500kg. Se o ônibus em si pesar umas cinco toneladas, serão mais de 15 toneladas de veículo passando a cada cinco minutos, em cada sentido, sem contar os milhares de carros por hora...

Claro que a cidade precisa de corredores de ônibus, e que a Linha Azul do metrô precisa de um alivio imediato contra a superlotação. Resta torcer para que a Ponte das Bandeiras, entrada oficial e majestosa da Zona Norte, esteja com essa saúde toda...

CINCO REFLEXÕES SOBRE O NOVO "TERMINAL SANTANA"

1 - São Paulo, com quase 30 anos de atraso, se prepara para instalar corredores de ônibus de alta capacidade, como fez Curitiba na década de 1980, sob a orientação do prefeito Jaime Lerner. Esse urbanista ficou famoso no mundo todo por esse projeto, que foi copiado até nos Estados Unidos.
2 - Do jeito que o metrô está superlotado nos horários de pico (superlotação que propicia paradas e quebras das composições), é muito provável que um grande grupo de pessoas deixe de pegar a Linha Azul na estação Santana, e prefira ir para o Centro e para a Zona Sul nesses ônibus BRT (Bus Rapid Transit), que seguem praticamente paralelos à linha 1 do metrô. E voltar também. Ninguém, especialmente os mais idosos ou com saúde debilitada, gosta de ficar espremido em um túnel 10 metros debaixo da terra.

Modelo de Curitiba inspirando os futuros corredores na cidade
3 - Como disseram os diretores da SPTrans em reunião (leia AQUI), o quarteirão indicado no Decreto de Utilidade Pública foi escolhido pelos engenheiros devido à proximidade do centro de Santana e do atual terminal de ônibus, que vai continuar operando. A idéia é que as pessoas saiam de um terminal e caminhem para outro com rapidez, na menor distância possível.
4 - Outros terrenos indicados pelos moradores esbarram nas seguintes restrições: maior distância de caminhada entre o terminal novo e o antigo; impossibilidade devido ao cone de aproximação de aviões ao Campo de Marte; maior custo, devido a uma extensão maior de túnel na saída do terminal, até atingir a av. Santos Dumont.

5 - Trata-se de uma obra cara, de execução complicada. Apenas na Zona Norte estão propostos um túnel sob a praça Campo de Bagatelle, e um viaduto sobre a av. do Estado e o rio Tamanduateí, evitando os semáforos desse cruzamento pesado. Ou seja: obra grandiosa, por enquanto é um projeto, para não dizer uma promessa. Porém, se a obra efetivamente começar, pelo que foi dito pelos técnicos da SPTrans, o terminal Santana dificilmente deixará de ser no quarteirão indicado. 

INSCRITOS OS CANDIDATOS AO CONSELHO PARTICIPATIVO

As inscrições terminaram dia 07, e as subprefeituras da ZN divulgaram, extra-oficialmente, o número de candidatos que conseguiram se inscrever: Casa Verde/ Cachoeirinha 103 (31 vagas); Freguesia/ Brasilândia 101 (40 vagas); Jaçanã/ Tremembé 80 (29 vagas); Pirituba/ Jaraguá 92 (43 vagas); Santana/ Tucuruvi 108 (33 vagas) e V. Maria/ V. Guilherme 80 (29 vagas).
A prefeitura investiu na divulgação do Conselho Participativo

Breve as comissões eleitorais das subprefeituras oficializarão os candidatos, que vão começar "campanha" para a eleição que vai acontecer no dia 08/12, com voto da população. Se os tempos são participativos e a sociedade civil reclamava espaço para participar da gestão, a hora é essa.

2014 será um ano bem interessante: Copa do Mundo aqui, eleições presidenciais, e desde o início do ano, a presença dos conselheiros participativos nas subprefeitura. Os subprefeitos que preparem o espírito para administrar as suas regiões, com esse grupo querendo e podendo quase tudo!